Existência
Aos poucos fui percebendo a consciência, era como acordar de um longo sono, mas sem as lembranças do dia anterior, perceber sua existência é algo único, algo que os mortais nunca entenderão, pois percebem a vida à medida que crescem. Mas eu estava ali, no vazio, era real, apesar de não ter forma e ser apenas uma energia, uma emanação de poder, por um longo tempo fiquei ali, no nada, apenas contemplando minha existência, era o tudo e o nada, mas aos poucos fui sentindo necessidade de algo mais para contemplar, queria uma forma, uma estrutura, algo digno de minha grandeza, automaticamente fui criando aparência, cabeça, tronco e membros, pela minha vontade assumi a forma que desejei, me maravilhei com meus movimentos, andar, correr, saltar no vazio, falar, ainda que ninguém pudesse ouvir, percebi que tudo que fazia alegrava minha existência e assim permaneci por um longo tempo, até o tempo da separação.
***
Separação
Vontades inerentes a minha começavam a manifestar em meu ser, sentimentos distintos afloravam pouco a pouco, percebi algo crescendo dentro de mim, era eu, mas ao mesmo tempo diferente, a essa energia separei de mim e mesmo ainda fazendo parte de minha consciência, dividi o poder, formando assim meu unigênito, uma parte de mim, mas ainda assim diferente, outro sentimento, outro coração na mesma consciência, e assim permanecemos unidos e separados como só um Deus pode permanecer, até o dia que criei aquele que suscitaria a primeira rebelião.
***
Rebelião
Um sentimento novo tomava conta do meu ser. Solidão. De que adianta ter todo o poder e ninguém para contemplá-lo, necessitava de adoração, um Deus deve ser adorado por tudo o que faz, pensei, então pela minha vontade se formou o céu, algo digno de nós, luz, cores e formas, nossa morada estava pronta, porém faltava ainda algo para me orgulhar, uma criação digna de um deus, algo que eu criasse sozinho, eu o formei em mim, dentro do meu ser, então labaredas de fogo saíram do meu corpo e ele tomou força, o primeiro querubim, a mais perfeita criatura depois de mim, sua luz inundava o lugar e enchia nossos olhos de alegria, seu andar era belo, seu falar era inscritível e seu cantar tornava cada segundo sublime, eu o chamei de Lúcifer, o portador da Luz e o ungi Querubim da guarda.
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009
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2 comentários:
ora, e acaba assim? Hmm, eu esperava o resto da história...
Interessante esse deus humano falar em mortais antes que os mortais existisem :)
Gosto do seu texto. Tem bom ritmo e prende a gente.
Oi Mônica que bom que passou por aqui. Ele (Deus) está contando a história, por isso ele fala dos mortais. Eu não terminei o texto, quem sabe um dia termino.
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